quinta-feira, 23 de setembro de 2010

INTERROMPENDO O CAMINHO ATÉ AO "CRACK"

“Vós sois o Sal da terra... Vós sois a Luz do mundo”. 
Mt. 5. 13-16

O desespero, a angústia, os problemas financeiros, os desajustes familiares, os medos, a ausência de qualquer possibilidade positiva diante de tantos desafios, etc. Todas estas coisas são os reais motivos, em sua maioria esmagadora, que têm levado pessoas à escuridão tenebrosa do crack, a fim de sufocar suas mágoas e esconderem-se nas ilusões propiciadas pelo veneno no cérebro. No uso do crack encontram fuga de tudo isso, mas são levadas ao abismo da destruição de tudo, que um dia, o identificou como pessoa. Encontram ainda, em pouco tempo, a morte que a droga oferece em troca da ilusão - morte cruel e desesperadora. Por conta disso, nós crentes, somos os maiores responsáveis, pois não compartilhamos o evangelho que pode restaurar o valor da vida e a esperança em Cristo Jesus. O crack está aí, porém nós também estamos neste mesmo contexto de tantas necessidades e temos a mensagem de resgate desse triste caminho, se nada fizemos pelos que caminham rumo às drogas diversas, somos tão responsáveis pelas vidas que se perdem, quanto os traficantes.

Nátsan (primavera de 2010)

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

sexta-feira, 28 de maio de 2010

quinta-feira, 20 de maio de 2010

DISCIPULADO, NOSSO LEGADO COMO CRISTÃOS!


PACTO DE LAUSANE
ARTIGO 4º - A Natureza da Evangelização
Evangelizar é difundir as boas novas de que Jesus Cristo morreu por nossos pecados e ressuscitou segundo as Escrituras, e de que, como Senhor e Rei, ele agora oferece o perdão dos pecados e o dom libertador do Espírito a todos os que se arrependem e crêem. A nossa presença cristã no mundo é indispensável à evangelização, e o mesmo se dá com aquele tipo de diálogo cujo propósito é ouvir com sensibilidade, a fim de compreender. Mas a evangelização propriamente dita é a proclamação do Cristo bíblico e histórico como Salvador e Senhor, com o intuito de persuadir as pessoas a vir a ele pessoalmente e, assim, se reconciliarem com Deus. Ao fazermos o convite do evangelho, não temos o direito de esconder o custo do discipulado. Jesus ainda convida todos os que queiram segui-lo e negarem-se a si mesmos, tomarem a cruz e identificarem-se com a sua nova comunidade. Os resultados da evangelização incluem a obediência a Cristo, o ingresso em sua igreja e um serviço responsável no mundo.

EXCELÊNCIA
A distinção deste artigo para este século se dá pelo fato de que a mensagem salvífica não é outra senão o mesmo evangelho de Jesus Cristo. O ser humano desta época, ainda que não possa saber completamente por conta da dureza de seu coração, ainda carece deste evangelho como sempre careceu e carecerá.
Desde Lausanne, já se foram 36 anos e nenhum congresso, até essa data, teve a força conciliar que surgiu deste encontro para o desenvolvimento missiológico da Igreja ao redor do mundo. O artigo 4º destaca que “Os resultados da evangelização incluem a obediência a Cristo, o ingresso em sua igreja e um serviço responsável no mundo”, em vista dessa afirmação, fundamentada na grande comissão, as denominações que, realmente, prezavam pela obediência ao mandato missionário e evangelístico dado a igreja, como destaca o artigo, não viram outra coisa a fazer a não ser serem signatárias do Pacto de Lausanne. A adesão considerável ao mesmo, talvez tenha sido um sinal de que muitas destas denominações não tivessem, até aquela ocasião, um “regimento”, por assim dizer, que pudesse identificar sua face missiológica.


RELEVÂNCIA
O que chama a atenção o artigo 4º do Pacto de Lausanne, no que diz respeito a sua importância, é o fato de o mesmo esclarecer a natureza da Evangelização que não se trata de uma simples empreitada, como a maioria da mente evangélica está acostumada a compreender tal tarefa.
Quando se fala em evangelização na igreja, parece-me que os crentes entendem que estão sendo convocados para a distribuição de folhetos, de convites para cultos específicos na igreja ou de alguma programação especial na igreja – ao ar livre às vezes, onde uma mensagem de conteúdo soteriológico será exposta. Não menosprezando, obviamente, tais atividades; o fato é que elas não traduzem aquilo que é biblicamente destacado como sendo, realmente, o que é a evangelização. Apesar disso é o que se pensa e é o que se faz na maioria das vezes, quando se procura evangelizar.
Essa compreensão reducionista do evangelismo leva a igreja a um compromisso, também, muito reduzido com o envolvimento evangelizador de fato.
O artigo 4º, ao destacar a Natureza da evangelização, põe às claras o que Jesus ensinou, em Mateus 28, ao comissionar seus discípulos para a importante tarefa evangelizadora. Ali Jesus define essa tarefa como “fazer discípulos”, o que em suma é mesmo a essência do evangelismo, bem diferente do nosso conceito atual do que seja tal tarefa.
Como a pregação evangelística nem sempre produzirá conversões, nada garante que o discipulado será sempre feito com pessoas realmente convertidas, mas é mais consistente, pois se trata de ensinar todas as coisas que Jesus nos tem ensinado. Como ensinar todas as coisas que Jesus nos tem ensinado aos nossos ouvintes através de uma conferência evangelística, de um folheto ou até mesmo lhe entregando uma porção da Bíblia, como um fim em si mesmo? Lembremos do Eunuco que tinha as escrituras, mas não a compreendia, sendo necessária a presença de Felipe, por direção do Espírito Santo, para que ele fosse acompanhado na exposição do texto Bíblico que, a partir dos profetas, veio a conhecer o Cristo de Deus (At 8.27-30). A pergunta de Filipe: “Compreendes o que vens lendo?” é uma das melhores demonstrações do que seja a evangelização, pois pressupõe disposição para ensinar a Bíblia, sem que o mesmo não fizesse idéia de que aquele discipulado pudesse chegar à conclusão que chegou. Ele não perguntou: “Você entende o que lê? Não? Ok então você não é um eleito e não vou perder meu tempo com você”
Obviamente que a soberania é toda de Deus, o ser humano não pode convencer pessoa alguma, mas eles, sendo discípulos de Cristo, são convocados para fazerem discípulos evangelizando, de modo sistemático e contínuo, outra pessoa que ainda não é.
Neste artigo, o pacto afirma que: “a evangelização propriamente dita é a proclamação do Cristo bíblico e histórico como Salvador e Senhor, com o intuito de persuadir as pessoas a vir a ele pessoalmente e, assim, se reconciliarem com Deus.” Esse conceito faz de nós, mais que distribuidores de folhetos e assessores cerimoniais de eventos de ajuntamento de massas para a pregação do evangelho, mas nos posiciona como agentes discipuladores. Ainda que o evangelismo possa incluir a utilização de métodos variados para tal, como aqueles supracitados, me parece que distinguir evangelização de discipulado não é assim tão simples. O que é possível fazer uma diferenciação é entre o ato de pregar a mensagem evangelística (através de eventos específicos, distribuição de folhetos etc) com a ação evangelística discipuladora, que envolve envolvimento com pessoas, com indivíduos, através da árdua, porém necessária tarefa de ensino da obra de redenção provida por Jesus Cristo.
Robert Coleman escreveu:
Ele não se preocupava com projetos especiais para alcançar grandes platéias, mas com pessoas a quem as multidões deveriam seguir. É interessante destacar que Jesus começou a reunir aqueles homens antes de organizar campanhas evangelísticas ou mesmo de pregar em público.

Isso requer tempo e, acima de tudo, relacionamento. Este trabalho pressupõe preço, como afirma o artigo em questão, no que diz respeito as exigências do Mestre para quem o segue. Eu destaco ainda mais dois custos: Primeiro, o custo da priorização de todas as nossas atividades, como gente inserida neste mundo enquanto discípulos de Cristo chamados para fazer outros discípulos e isso não é tarefa fácil, visto que estamos num mundo em secularização avançada, especialmente, como destaca R. Albert Mohler Jr que sistematiza a teoria da secularização de John Sommerville, quando o mesmo entre outros aspectos, enumera a secularização do trabalho. Ali ele dá conta de que na atualidade o crente não trabalha mais para Glória de Deus e sim para sua provisão financeira e realização profissional.
Priorizar todas as nossas atividades como ferramentas dadas por Deus para instrumentalização da evangelização deve ser encarada como missão, que pressupõe renuncia não raramente sacrificiais, mas que é rica pela alegria da grande bênção que é obedecer a Deus. O segundo custo é o desafio de buscar relacionamento, numa época de poucos amigos, para compartilhar dores, lutas e alegrias. O envolvimento do crente com a ação evangelística/discipuladora se dá nas relações sociais humanas, que existem e se encontram diariamente com a pessoa do cristão e, não somente, influenciam a igreja como também as pessoas que recebem a mensagem do Evangelho.
A vida cristã não pode ser empobrecida por uma vivência que nega a existência do mundo e seus desafios. A gente se relaciona com gente, com dúvidas, lutas, desarmonia das relações e não apenas com almas invulneráveis ao seu contexto opressor.
Outro ponto relevante no artigo 04 do Pacto de Lausanne é a afirmação de que “Jesus ainda convida todos os que queiram segui-lo e negarem-se a si mesmos, tomarem a cruz e identificarem-se com a sua nova comunidade.” Considere que tal oração, sem dúvida, fluiu de João 1.14 onde é revelado que “ O Verbo se fez carne e habitou entre nós”, mas também linkado com o chamado, feito por Jesus para nossa inserção de mesmo propósito, quando ele afirma em Lucas 9:23 “... Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, dia a dia tome a sua cruz e siga-me.” Em João 1.14 está claro o marco do envolvimento em carne e osso de Deus, por meio de Jesus, com a criação e estabelecimento de um modelo para igreja, como se lê em Lucas 9.23 (cf João 17.18).
Ele andou entre nós e compadeceu do todo do ser humano. Esse também é nosso modelo. John Perkins comenta: “ A encarnação não é somente Deus que se fixou entre nós, assumindo a forma humana; quando um grupo de crentes se muda e se integra em uma comunidade, o Cristo encarnado ingressa nela. Cristo, em seu corpo, em sua igreja, vem morar ali.”
Está claro, finalmente, que o artigo 4 do Pacto de Lausanne, nos lembra dessa convocação para a evangelização e que ela precisa ser assim compreendida, à luz do discipulado e do envolvimento pessoal de crentes com outras pessoas não crentes, doutra maneira não passará de meras atividades esvaziadas de propósitos e com o grande risco de tornarem um fim em si mesmas.

Nátsan P. Matias



REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

COLEMAN, Robert E. O Plano Mestre de Evangelismo. 2ª Ed. São Paulo: Ed. Mundo Cristão, p.17, 2006.

MOHLER JR, R. Albert. Ateismo Remix - Um confronto cristão aos novos ateístas. 1ª Ed. São José dos Campos – SP: Editora Fiel, p. 34, 2009

PERKINS, John. Justiça para todos. in: Servindo entre os Pobres da América Latina, 1ª Ed. Editora Descoberta: Londrina-PR, 2000, p. 48