terça-feira, 23 de dezembro de 2008

domingo, 21 de dezembro de 2008

ESPERANDO O PRESENTE HÁ MUITO TEMPO


“Simeão o tomou nos braços e louvou a Deus, dizendo: Agora, Senhor, podes despedir em paz o teu servo, segundo a tua palavra; porque os meus olhos já viram a tua salvação, a qual preparaste diante de todos os povos:” (Lc 2:28-31)
Esta cena histórica revela, exatamente, o sentimento que deveria compor o conteúdo da expectativa que temos no Natal: “Meus olhos viram a tua salvação”.
Jesus Nasceu para consumar uma promessa feita a Adão e Eva em Gn 3.15. No decorrer de toda sua vida essa expectativa estava lá, no coração de Simeão. Tomando Jesus nos Braços, ele recebe o presente tão aguardado. Não recebe daquela criança uma túnica ou sandálias novas, não recebe das mãos dele um novo móvel para sua casa, um novo transporte etc, o que ele recebe de Jesus é um novo coração. Um presente que, absolutamente, nenhuma outra pessoa poderia oferecer-lhe, mesmo com todo o dinheiro do mundo a sua disposição.
Simeão ficou tão feliz e realizado que expressou sua gratidão, afirmando: Senhor tudo o que eu precisava para ser completo eu acabei de receber, meu olhos viram o cumprimento de sua promessa de salvação e ela me preencheu totalmente que já posso finalmente descansar a alma. (paráfrase minha)
Hoje é natal! Comemoramos o nascimento de Jesus! Será mesmo? O que nossos olhos contemplam neste momento: o novo carro, o novo celular, o novo computador, a roupa de grife, a fartura da comida. O que esperamos ansiosamente? A chegada do parente, do amado ou da amada distantes, esperamos os fogos de artifício, a abertura dos presentes, a bebida que não chega?
Enquanto não esperarmos, tão somente, por Jesus, o verdadeiro presente de Deus, a promessa cumprida do Redentor ao mundo perdido, todo natal será vazio, pois não contemplaremos a salvação em Jesus de Nazaré, o Messias.
Neste Natal, olhe para Jesus e descanse de todas as ansiedades pela procura do melhor Presente, pois ele já foi dado para humanidade.

Nátsan P. Matias (dez/2008)

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

MISSÃO INTEGRAL E A HISTÓRIA DA IGREJA

Nátsan P. Matias

INTRODUÇÃO
A proposta deste palestra é discorrer sobre a Missão Integral na História da Igreja. Não é uma tarefa que conseguirei desenvolver em poucos minutos. Seria um tema para não poucas horas de discussão. Por isso farei um resumo deste tema e tirar algumas implicações e aplicações para nossa própria caminhada como igreja em nossa época e contexto.

DEFINIÇÃO DE TERMOS

1 – MISSÃO/MISSÕES
Por uma questão bíblico-teologógica e também pela influência de estudiosos da área tenho preferido, no desenvolvimento do ministério pastoral, o termo MISSÃO - no singular mesmo - ao invés de utilizar a priori do termo no plural: MISSÕES como base para a definição do papel da igreja neste terreno.
Elias Medeiros na sua resenha sobre o livro de Charles Van Engen “Povo Missionário, Povo de Deus – Por uma redefinição do papel da igreja local” conclui que os missiológos devem, assim com Van Engen, fazer uma distinção entre Missão e Missões, considerando que o termo no singular visa destacar a Missio Dei (Missão de Deus) enquanto que o termo no plural define a atividade estratégica ou os diversos meios pelo qual a missão é realizada.
Antônio Carlos Barro e Manfred Kolh, concluem que por missões entende-se a atividade da igreja no ato de enviar missionários para proclamação do Evangelho. Segundo eles, esse cruzar de barreiras é o que chamamos missões. Eles ainda alertam que se em conferências missionárias os dois vocábulos missões e missão continuarem sendo utilizados como se fossem a mesma coisa, corremos o risco de perdermos a riqueza do vocábulo no singular - missão e de tornarmos banal o vocábulo no plural.
Terry Muck no seu artigo: Terminologia: Missões ou Missão, traduzido por Bárbara Burns argumenta que seremos missiólogos melhores, visto que a missão, no singular, nos oferecerá uma visão mais ampla do que está ocorrendo em nossa época em todos os aspectos que compõem a historia. Quando estivermos, por causa da missão, perguntando “O que Deus está fazendo na terra? [e complemento eu] Como nos encaixamos no que Deus está fazendo agora? Iremos, por certo, observar com mais e maior compreensão os fenômenos — políticos, culturais, econômicos, teológicos e práticos. De acordo com Muck “Esta visão mais abrangente nos ajuda evitar a tendência de limitar missão “genuína” àquilo que nossa igreja e nosso programa estão fazendo”.
Convêm esclarecer, por causa da pergunta anterior “ O que Deus está fazendo na Terra?” que tal pergunta não é uma afirmação que colabora com a teologia contemporânea do TEÍSMO ABERTO[1], corrente que defende que Deus aprende, ou seja que ele adquiri conhecimento à medida que ele descobre o que as pessoas decidem fazer. O teísmo aberto defende, em última instancia que Deus é desconhecer do futuro, porque o futuro não existe ou porque decidiu não conhecê-lo e que algumas coisas podem escapar de seu controle. Para o teísmo aberto, Deus aprende o que acontece à medida que as coisas ocorrem. Esta doutrina antibíblica leva Deus a autolimitar-se, o que, por sua vez, afeta o atributo da soberania divina quanto ao governo de Deus no mundo e na vida dos indivíduos.
A formulação na questão “o que Deus está fazendo na terra?”, portanto parte do pressuposto escriturístico de que ele está fazendo o que determinou fazer soberanamente na eternidade, antes da fundação dos séculos, pois “No céu está o nosso Deus e tudo faz como lhe agrada.” (Salmos 115:3 cf. Gênesis 14. 19; Êxodo 18. 11; Deuteronômio 10. 14; Salmo 115. 3; 139. 16; Atos 17.24)
Missão, segundo David Bosch é, antes de uma atividade da igreja, um atributo de Deus. Ainda que não encontremos o termo na Bíblia, ela é conceitualmente exposta pelo propósito divino expandir seu reino. A missão de Deus se traduz, ainda, na encarnação do verbo que se fez carne e habitou entre nós. Estabelecendo um modelo para a caminhada de sua igreja no objetivo de expandir os interesses do reino, por meio do anúncio todo e denúncia toda do Evangelho.
Missão é um conjunto de valores que tem por objetivo definir as atividades missionárias da igreja. Este “conjunto de valores” está totalmente submisso aos padrões do próprio Deus em sua santa palavra.

2- MISSÃO INTEGRAL
Missão integral tem em sua essência a consideração do todo das escrituras na aplicação de seus princípios todos, especialmente o aspecto redentivo da mesma, em todos os espaços possíveis do mundo todo, para o ser humano em sua totalidade e completamente contextualizado dentro de uma determinada época, influenciado por todos os aspectos sócio-culturais.
Missão integral é ampliar nossa missio-eclesia, ou seja, a missão da igreja sob a ótica correta dos desafios dela dentro de sua história, de seu contexto. Missão integral não é apenas a criação de uma escola na igreja. Pode ser um bom começo, desde que o conteúdo de ensino preocupe-se em fazer com que o aluno venha a se inteirar do Evangelho todo para todo o seu contexto.
De acordo com Antonio Carlos Barro a igreja que olha para o mundo sob o prisma da missão integral será levada a um interesse maior para aplicar os aspectos transformadores do Evangelho em todos os “campos que compõem a vida do ser humano”[2]. Sou solidário com a afirmação do autor em questão de que somente por meio da missão integral é que a igreja, especialmente no contexto brasileiro, encontrará maneiras de tornar-se relevante e autêntica frente às várias propostas “evangélicas” tão desligadas da realidade e necessidades de nosso país.
Jorge Barro, diretor da Faculdade Teológica Sul Americana, destaca: “Não existe melhor maneira de realizar a tarefa missionária hoje no Brasil que não seja por meio da missão integral. Quando a igreja desenvolve seu trabalho sem a perspectiva da integralidade do evangelho sua missão não só deixa de ser integral, mas passa a ser parcial e, portanto, manca”.
Sou mais convicto disso ao observar que, na Palavra de Deus, comprovaremos o Senhor enviando o seu povo para uma mensagem e missão integral neste sentido. Considere inclusive o postulado da missão em Jesus quando lê Isaias 61 na descrição do evangellho de Lucas 4.18-19. Vale a pena tomar nota da opinião de Samuel Escobar quanto a este evento em particular:

“Isto que o profeta anunciou séculos atrás se tornou realidade agora em Nazaré, pelo poder do Espírito. Diante dos olhos da congregação nesta manhã, Deus está cumprindo sua promessa, intervindo na história: o ungido começou sua missão e acaba de ler seu manifesto. (...) De um lado temos a iniciativa inteiramente divina, a ação do Espírito de Deus ungindo o missionário. Do outro lado temos o conteúdo da ação missionária, que toca as necessidades espirituais, materiais e sociais das pessoas e as transforma, mudando a sua vida: eleva uns, faz cair a outros e escandaliza a muitos. Jesus não entendia sua missão e seu trabalho separado da iniciativa divina que está em ação no mundo. O que vemos nas andanças de Jesus pelos caminhos poeirentos da Palestina é que Deus está atuando no mundo de uma maneira única e visível. (...) Podemos captar o impacto da presença de Jesus no mundo. É uma presença transformadora, sanadora, desafiadora, inquietante, profética, que convoca para mudança radical e entrega. É uma presença registrada pelas testemunhas em ações concretas de aproximação dos pobres, de cura dos enfermos, de ensino dos ignorantes, de bondade em relação às crianças, de receptividade dos marginalizados, de perdão dos arrependidos, de crítica dos poderosos e corruptos. E, no ponto culminante de tudo isso, de entrega por nossa salvação. Tudo isso no poder do Espírito.”[3]


Um outro aspecto que precisa ser destacado é que não há qualquer vínculo da Missão integral com a Teologia da Libertação, visto que a Missão Integral parte do todo das escrituras sagradas, para todo o mundo e para o homem todo em todo seu contexto, passado, presente e futuro. Considerando inegavelmente que Jesus, o próprio Deus, é o único meio de salvação para o ser humano.
A teologia da libertação observa apenas o aspecto social, proclamando como mensagem básica a figura de Deus como libertador das opressões políticas e sociais do pobre. Para esta teologia, “o Jesus que nos é apresentado nos Evangelhos não corresponde ao Jesus que realmente existiu. É apenas o Cristo da fé e da reflexão da igreja.” [4] A Teologia da Libertação e seus defensores, não reconhecem que a Escritura seja inspirada, inerrante, infalível, nem reconhecem sua necessidade, autoridade, penetração e suficiência.
A
inda que sua opinião não seja de caráter negativo à Missão Integral, me arrisco em discordar do Dr. Alderi Souza Mattos em sua crítica à Teologia da Libertação, quando argumenta que o conceito de Missão Integral surgiu como uma alternativa da Teologia da Libertação[5]. A minha discordância, se é que me permitem, se dá pelo fato inegável de que a missão integral tem seus pressupostos do todo bíblico, e de toda a missão de Deus, não apenas o aspecto político ou social e que reconhece a sua inspirações e todos os demais aspectos ditos a pouco. Para mim, o que suprime o todo, é que é novo. A Missão integral não suprime nada do Evangelho é, portanto ortodoxa, a Teologia da Libertação, suprime. É, portanto, neo-ortodoxa.

IMPLICAÇÕES PRÁTICAS:
Tendo em vista estas considerações chegamos a duas observações para concluir esta etapa:
1- É a missão que define as estratégias e coordena as atividades da igreja e não são as missões (no plural i.e estratégias e atividades) que determinam à missão

2- Não há missão se ela não for feita de maneira integral no mundo. O Evangelho todo, para o mundo todo e o homem todo, que inclusive somente poderá encontrar salvação integral por meio de Cristo Jesus, como exposto nos evangelhos.

MISSÃO INTEGRAL NA HISTÓRIA DA IGREJA

1 - A Missão Integral na Mensagem de Jesus
No sermão da montanha observamos Jesus deixando à sua igreja um aspecto integral de penetração no seu contexto como um todo. Na ocasião observamos a cabeça da igreja deixando posições claras sobre a integralidade do ministério cristão na terra:

a) “ vos sois sal da terra” (Mateus. 5. 13)- Um aspecto de preservação contra os atos e fatos degenerativos do mundo, das relações todas, inclusive e principalmente das relações do homem para com Deus. O apóstolo Paulo colabora com este ponto de vista missional do cristão ao afirmar que nos fora confiado o ministério da reconciliação (2 Coríntios. 5.18).[6] O cristão, sendo comparado com o sal, tem como mensagem o fato de que a eles cabe a função de lutar contra as deturpações dos valores absolutos e verdadeiros. Assim como o sal é esfregado na carne para preservá-la contra o apodrecimento. Os cristãos como SAL DA TERRA, devem ser esfregados no mundo, com o Evangelho todo e com todo o seu conteúdo, no seu contexto todo. É do ensinamento de Cristo que o Apóstolo Paulo também ensina em Cl. 4.6 ao afirmar: “A vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal, para saberdes como deveis responder a cada um”.

b) “vós sois a luz do mundo” (Mateus 5.14) – Não fica evidente que tal princípio fale diretamente da face denunciadora do Evangelho? Onde há luz as coisas das trevas devem ser expostas. As diversas faces ocultas das injustiças todas devem ser iluminadas pelo holofote do Evangelho. Não apenas as injustiças sociais, políticas, culturais etc., mas a injustiça do próprio ser humano como um todo. Pessoa rebelde, que sem Deus jamais poderá chegar à perfeição. O Evangelho precisa jogar luz contra os olhos obscuros, aonde quer que eles estejam mirando. O Cristão como luz do mundo, além de por às claras as imundícias deve apontar para o monumento da Cruz vazia. Esta cruz que dá conta de um Cristo, filho de Deus, o próprio Deus, que já executa hoje mesmo juízo sobre o pecado em todas as suas nuanças, mas que no dia e na hora já definida na eternidade julgará definitivamente tudo e todas as rebeldias do mundo contra ele.
A luz também tem a função de indicar o caminho. Um ponto de referência. Veja o exemplo de um farol que orienta os navios acerca dos perigos ao seu redor. Da mesma maneira, esta metáfora que compara nosso ministério no mundo deve nos fazer lembrar que estamos numa missão: apontar o caminho seguro e este caminho seguro é Cristo.

c) Mateus 25. 35, 36 – Uma incontestável referencia à ação dentro do seu contexto por parte do cristão. O cristão verdadeiro. Ele, segundo texto, viu o seu contexto e agiu. O nominal, ainda que com abordasse Jesus com uma linguagem muito parecida com o verdadeiro cristão, não foi reconhecido como pertencente à igreja de cristo. Não basta apenas ter o rótulo de cristão é preciso agir no contexto, como resultado de uma espiritualidade correta.
Agreguemos ainda os eventos em que Jesus não somente perdoa pecados, mas que também restaura a dignidade de gente deixada à margem, como por exemplos: leprosos, cegos, doentes terminais, gente faminta, feridas e excluídas pelos preconceitos etc. Não vamos detalhar a Missão integral na vida de Jesus, porque isso é de competência de outro palestrante nesta conferência.

2 - A Missão Integral da Mensagem Apostólica
Num sentido geral podemos incluir a ação da igreja modelo do NT como que agindo de maneira integral. Os discípulos eram sensíveis às carências dos outros, repartiam conforme a necessidade dos outros e não de acordo com as suas urgências pessoais, (Atos 2. 45; 4. 34, 35; 11. 29). A necessidade de agir em prol do suprimento das variadas carências do ser humano e da prática de um cristianismo integral era ensinado pelos apóstolos:

“Meus irmãos, qual é o proveito, se alguém disser que tem fé, mas não tiver obras? Pode, acaso, semelhante fé salvá-lo? Se um irmão ou uma irmã estiverem carecidos de roupa e necessitados do alimento cotidiano, e qualquer dentre vós lhes disser: Ide em paz, aquecei-vos e fartai-vos, sem, contudo, lhes dar o necessário para o corpo, qual é o proveito disso?” (Tiago 2:14-16)

“Exorta aos ricos do presente século que não sejam orgulhosos, nem depositem a sua esperança na instabilidade da riqueza, mas em Deus, que tudo nos proporciona ricamente para nosso aprazimento; que pratiquem o bem, sejam ricos de boas obras, generosos em dar e prontos a repartir; que acumulem para si mesmos tesouros, sólido fundamento para o futuro, a fim de se apoderarem da verdadeira vida.” (1 Timóteo 6:17-19)

“Eis que o salário dos trabalhadores que ceifaram os vossos campos e que por vós foi retido com fraude está clamando; e os clamores dos ceifeiros penetraram até aos ouvidos do Senhor dos Exércitos.” (Tiago 5:4)

“Ora, aquele que possuir recursos deste mundo, e vir a seu irmão padecer necessidade, e fechar-lhe o seu coração, como pode permanecer nele o amor de Deus?” (1 João 3:17)

“Ora, naqueles dias, multiplicando-se o número dos discípulos, houve murmuração dos helenistas contra os hebreus, porque as viúvas deles estavam sendo esquecidas na distribuição diária. Então, os doze convocaram a comunidade dos discípulos e disseram: Não é razoável que nós abandonemos a palavra de Deus para servir às mesas. Mas, irmãos, escolhei dentre vós sete homens de boa reputação, cheios do Espírito e de sabedoria, aos quais encarregaremos deste serviço;” (Atos 6:1-3)

No ministério de plantação do apóstolo Paulo, não se observa um dualismo em sua ação evangelística no mundo. Seu ministério também foi caracterizado por integralidade. Em Éfeso confronta uma economia opressora em torno de um paganismo que tornava indigna a integridade humana. Observe que sua pregação era considerada uma ameaça aos mantenedores daquela opressão. Prestemos atenção aos detalhes envolvidos no culto a Diana em Éfeso: exploração do trabalho escravo, exploração da mulher como prostitutas sacramentais etc.
Escrevendo à Filemom trata da questão da escravidão (Fm. 1. 15,16); em sua carta aos Efésios trata das relações pessoais (relações matrimoniais, relações paternas, empregatícias etc cf. Efésios 5. 22ss - 6)

3- Missão Integral e Ação da Igreja Pós-apóstólica
Neste tópico que se aproxima aos poucos de nossa própria realidade, observa-se uma gradativa perda da integralidade na ação missionária da igreja. Em vista disso uma pergunta de Samuel Escobar sem sombra de dúvida nos faz pensar. A questão é a que se segue: “Será que podemos dizer da missão cristã na história o mesmo que foi dito de Jesus?” [7]
Se formos honestos, a resposta mais apropriada deve ser: NÃO!
Uma reportagem de 2004 na Revista Super Interessante[8] nos acusa com a seguinte afirmação “quanto mais crescem, menos os evangélicos mudam a cara do país...”.
Espero que até aqui já tenha ficado claro que missão integral é muito mais do que um aspecto assistencialista ou uma simples inauguração de uma escola ao lado da igreja - ainda que seja um bom começo, sem dúvida. Ainda que uma preocupação meramente de cunho comercial – vender revista, o que a reportagem cobra é uma ação integral de um povo que afirma ter a resposta para tudo.
A igreja cristã constantiniana é uma fase da história que precisa ser destacado neste estudo. Sabemos que a igreja era perseguida até então, quando por motivos místicos (a visão do imperador Constantino das duas letras gregas, nas nuvens, que simbolizava o nome de Cristo) a igreja passou a ser a religião oficial do império romano. Os bens usurpados nas perseguições dos imperadores anteriores foram devolvidos, cumprindo o “edito de Milão” em 313dc e a igreja experimentou uma riqueza jamais vista. Era uma excelente oportunidade de atendimento das necessidades amplas dos carentes, mas isso não aconteceu. Com o passar do tempo, o enriquecimento tornou a igreja muito mais distante da população, os cargos eclesiásticos passaram a ser ambicionados por meio da corrupção e da extrema violência em muitos casos. Enquanto isso as necessidades integrais dos seres humanos foram esquecidas. O efeito disso fora uma politização da religião, que passou a andar de mãos dadas com o poder, sem forças e interesse de confrontar suas injustiças em suas mais diversas áreas, porque isso poderia fazê-la perder seus privilégios. Houve uma reação, mas ela não fora em busca do envolvimento com as estruturas corrompidas, envolvimento este destacado pelas palavras de Jesus: “Eis que eu vos envio como ovelhas para o meio de lobos...” (Mateus 10.16) ao invés disso, ocorreu uma retirada do meio da igreja corrompida, para os desertos e outros lugares ermos onde seriam fundados os monastérios. Lugares de reclusão e fuga do envolvimento com o mundo.
O historiador Justo Gonzalez argumenta que as questões da época, que levaram os cristãos mais “devotos” à fuga da sociedade, à penitência do corpo e suas paixões para que não cedessem as tentações do poder dado à igreja, fora dúvidas tais como: “Como testemunhar do crucificado, daquele que não tinha nem onde repousar a cabeça, quando os líderes da igreja têm mansões luxuosas? (...) como vencer o maligno, que constantemente nos tenta com as novas honras que a sociedade nos oferece?”[9] A única solução plausível na época foi o afastamento dos cristãos “verdadeiros” do mundo e de seus pecadores habitantes, indo para o isolamento nos monastérios. Um destes fugitivos do cristianismo, chamado Antônio o Eremita afirmou categoricamente: “Os monges que saem das suas celas, ou buscam a companhia do povo, perdem a paz, como o peixe perde a vida fora da água.” [10]
Uma semelhança com nossa prática atual não pode deixar de ser anotada, visto que há um “enclausuramento” dos cristãos em seus templos como se fosse uma muralha de segurança contra os perigos e contaminação pelo mundo não cristão. O que mais preocupa não é o muro físico eclesiástico, mas o mental que aciona um alarme sempre que a missão integral é estampada como sendo uma urgente necessidade de envolvimento desde mundo perdido, sem referência. Jesus, na oração sacerdotal, não aprova essa prática quando ora: “Não peço que os tires do mundo, e sim que os guardes do mal.” (João 17:15)
De fato pouca ou quase nenhum envolvimento da igreja com a missão integral, e a preocupação com as necessidades do ser humano foram anotadas pela história neste período Constantino e romano da igreja. Somente por volta do ano 586 uma tímida anotação se destaca na história. Por causa de uma epidemia cruel em Roma, que demonstrou uma necessidade do uso das riquezas da igreja em prol do socorro da cidade, o Papa Gregório, chamado “o Grande”, resolveu tomar uma medida inovadora. Ele dispôs das propriedades da igreja, o chamado patrimônio de São Pedro, em prol da alimentação da população de Roma, enfraquecida e faminta pela praga. Segundo Justo Gonzalez, Gregório destacou-se não somente pela pregação, mas também pela sua preocupação com as necessidades físicas do povo de sua época. [11]
Valdir Steuernagel, afirma com muita propriedade para nossa reflexão: “O vírus constantianiano está vivo, por mais que o imaginemos morto. (...) Também nós somos fascináveis e fascinados pelo poder, gostamos das mordomias públicas (...) E não foi nestas áreas que a igreja do quarto século começou a tropeçar? Adequou-se ao Império Romano com extrema facilidade. Aceitou e viveu do favor e da proteção do estado como uma tranqüilidade desconhecida e enganosa.”[12]
Ainda com relação ao crescimento da igreja, que é vista com muita comemoração, sempre que uma estatística ali e acolá é divulgada, Valdir Steuernagel alerta que tal celebração precisa ser a luz do olhar no profeta, que nos faça olhar debaixo dos tapetes para ver se há sujeiras, que visita os locais de culto para ver se os pobres estão sendo assistidos ou expulsos do templo, um olhar que nos faça julgar se estamos comprometendo o Evangelho santo e que neste olhar julguemos a nós mesmos para levar nossos corações à busca da integridade. Com esta prática estaremos levando a pessoa toda para encontrar o Deus da esperança.

4 - A Missão Integral e a Reforma
Sabemos que os pressupostos bíblicos reformados destacam que há uma total depravação humana, este inclusive é um dos cinco pontos do calvinismo. Ele destaca uma completa incapacidade humana de busca redenção por si próprio, isto aconteceu pela introdução do pecado na história humana.
A desordem causada pelo pecado não somente afetou a pessoa, mas também as relações dela com o seu contexto. Os mandatos dados por Deus ao homem se elaboram, a partir de então, em completa desarmonia. O Cristão, considerando este pano de fundo, com sua vida integralmente restaurada pelo Evangelho, parte para as relações todas, com este Evangelho todo, para todo seu contexto, realizando integralmente as mudanças necessárias que o Reino de Deus exige. Não pode mais permitir calar-se diante dos desafios integrais que têm diante de si.
Augustus Nicodemus, analisando como João Calvino avaliava a responsabilidade social da igreja, destaca que o reformador denunciou que as causas das injustiças todas; sociais, políticas, culturais etc. que afetavam diretamente na elaboração cruel de atitudes geradoras de opressões, pobreza e corrupção da sociedade, estavam enraizadas na natureza depravada do homem contaminada pelo pecado, desde o Éden. [13]
De fato, a harmonia foi substituída pelo caos em todas as relações, em vista disso um dos grandes marcos da igreja, na história da missão integral, foi a nossa tão conhecida reforma protestante. A reforma além de trazer as escrituras para o centro da fé cristã, também foi uma denúncia contra todas estas deformações da e na sociedade decaída, carente dos princípios bíblicos nas relações familiares, sociais, econômicas, ecológicas.
Lançando luz sobre o impacto da reforma de Calvino no seu contexto Nicodemus afirma que o reformador defendia que a restauração realizada por Cristo não é apenas individual, com relação a sua nova vida, mas é também estendida à todo o universo. A reforma deu à Calvino um ministério pastoral não apenas voltado às questões espirituais e individuais da pessoa. Ele entendia que, considerando que Cristo era o Senhor de toda realidade e existência da humanidade, “era dever da Igreja dar atenção às questões sociais e políticas, o que incluía a educação.”[14]
Em seu artigo “O ensino de João Calvino sobre a Responsabilidade Social” Augustus Nicodemus esclarece um ponto que precisa ficar registrado neste estudo:
Embora João Calvino, um dos maiores líderes da Reforma, ficou conhecido pelo seu vasto e eficaz ministério como teólogo, pregador e pastor, existe um outro aspecto do seu ministério, menos enfatizado entre as igrejas evangélicas no Brasil, que precisa ser resgatado em nossos dias, que é o aspecto social do seu ensino e prática pastoral. Calvino, bem como os outros reformadores, deu atenção aos problemas sociais de sua época. Talvez pelo fato de ser da segunda geração de reformadores, Calvino podia ter uma visão mais ampla e amadurecida sobre o assunto. Ele esforçou-se para entender qual deveria ser o papel da Igreja cristã na reconstrução de uma sociedade justa que refletisse a vontade de Deus em termos de justiça social. [15]
Na Revista Super Interessante citada anteriormente, uma parte da citação dela foi omitida propositadamente para que eu pudesse inserir um aspecto neste tópico. A frase “quanto mais crescem menos os evangélicos mudam a cara do país” está incompleta. O que ela diz totalmente está como se segue: “... quanto mais crescem, menos os evangélicos mudam a cara do país – bem ao contrário da revolução que ocorreu na Europa com as idéias de Lutero e Calvino.”[16]
O jornalista Sérgio Gwercman, autor da matéria em questão, está correto. A reforma teve um grande impacto na Europa, não apenas no aspecto espiritual, mas social ou se preferirmos, como prefiro, numa autentica demonstração de missão integral. Senão vejamos:
a) A reforma foi a semente para a implantação da obrigatoriedade do ensino público e gratuito na Europa.
b) Foi a responsável pela reunião dos diversos dialetos germânicos e composição da língua alemã, como fruto direto do trabalho de Lutero na tradução da Bíblia. Até então não havia uma língua única em toda Alemanha.
c) De acordo com o Dr. Robert Knudsen, Calvino foi um patrono dos modernos direitos humanos. [17]
d) Robison Cavalcante esclarece que a Reforma contribuiu para formar o embrião do espírito democrático. [18]
e) “Em Genebra, por influência dos princípios da reforma é criado o Hospital Geral com o objetivo de oferecer assistência médica aos pobres.
f) São promulgadas leis que regulamentam o uso dos bares, são proibidas danças de rua e jogos de azar. ”[19]

5 - Missão Integral e a Influência do Congresso de Lausanne

Um salto nesta cronologia é necessário por causa da falta de tempo para uma exposição mais minuciosa, por isso gostaríamos de investir algumas palavras, na mais clara representação histórica da Missão Integral numa época mais próxima de nós. Trata-se do Congresso Internacional de Evangelização Mundial realizado na cidade Suíça de Lausanne em 1974. Deste congresso surgiu um dos mais elaborados e influentes documentos para a missiologia.
Manfred Khol destaca que “O ano de 1974 ainda ressoa em nossos ouvidos de forma viva e relevante. Foi um marco e o início de uma instigante e evangélica...”[20]
No congresso que reuniu quase 4 mil representantes de 150 nações em torno da evangelização do mundo. A história analisada, especialmente pelas exposições dos teólogos latino-americanos Samuel Escobar e René Padilla, conclui que até então, nos congressos, conferências e concílios anteriores, desde 1910 em Edimburgo (Escócia) até 1973 em Bancoc (Tailândia), com algumas poucas variações, a tarefa única da igreja era a evangelização e que o compromisso com o mundo terminava com a proclamação do Evangelho. Eles alertaram no congresso de Lausanne que a “compreensão da evangelização como tarefa central [da igreja][21] não nos deve levar a fechar os olhos às outras tarefas urgentes: o ensino de ‘todo o desígnio de Deus’, visando a que os crentes progridam na direção da ‘maturidade em Cristo”[22]
Na verdade a temática deste congresso estava caminhado pela mesma direção, especialmente pela influência do evangelista americano Billy Graham. Com as palestras de Padilla e Escobar, ao invés do triunfalismo, o que norteou as decisões daquele congresso fora um sentimento de arrependimento pelo esquecimento dos aspectos integrais do Evangelho.
De acordo com os estudiosos desta conferência, o arrependimento se mostrou evidente no que dizia respeito à responsabilidade social dos cristãos. [23] No entanto o que diferiu Lausanne dos demais, neste campo foi o fato de que a questão da evangelização jamais foi colocada em segundo plano, como em alguns casos de conferências anteriores, quando uma área era preferida em detrimento da outra. O Pacto de Lausanne, um manifesto, uma confissão de fé dos congressistas, se tornou um documento, não apenas de teorias, mas uma norma para condução da igreja a partir de então. Na introdução do pacto pode-se observar que a busca por uma identidade doutrinária evangélica, bíblica e verdadeira foi um ponto muito discutido e que sem esta identidade qualquer responsabilidade social seria de toda vazia e política como fora em outros congressos anteriores que tratou da questão social, especialmente o congresso de Whitby no Canadá em 1947 que teve como pano de fundo os efeitos desastrosos da segunda guerra mundial. O apelo social acabou por sufocar a necessidade da evangelização como aspecto da missão da igreja.
O Pacto de Lausanne começa dizendo:
Nós, membros da Igreja de Jesus Cristo, procedentes de mais de 150 nações, participantes do Congresso Internacional de Evangelização Mundial, em Lausanne, louvamos a Deus por sua grande salvação, e regozijamo-nos com a comunhão que, por graça dele mesmo, podemos ter com ele e uns com os outros. Estamos profundamente tocados pelo que Deus vem fazendo em nossos dias, movidos ao arrependimento por nossos fracassos e desafiados pela tarefa inacabada da evangelização. Acreditamos que o evangelho são as boas novas de Deus para todo o mundo, e por sua graça, decidimo-nos a obedecer ao mandamento de Cristo de proclamá-lo a toda a humanidade e fazer discípulos de todas as nações. Desejamos, portanto, reafirmar a nossa fé e a nossa resolução, e tornar público o nosso pacto.

Os artigos 1, 2, 3 e 15 do Pacto, que tratam consecutivamente do Propósito de Deus, da Autoridade e o Poder da Bíblia, da Unicidade e Universalidade de cristo e do Retorno de Cristo, segundo Júlio Zabatiero, presidente da Fraternidade Teológica Latinoamericana, são temas onde os aspectos doutrinários da igreja evangélica são abordados de maneira coerente, segura e abrangente. [24]
Além desta tônica doutrinaria evangélico-teológica, o pacto foi criado tendo consideração por um profundo reconhecimento da necessidade e responsabilidade social da igreja com o seu contexto. O grande avanço é que assim como a responsabilidade social, o evangelismo inseparável das Escrituras Sagradas, o discipulado – como ordem expressa de cristo, uniu os conferencistas num só pacto que até hoje provoca reflexões e atitudes positivas por aqueles que o lêem e procuram, de alguma maneira, cumprir suas orientações estratégicas no cumprimento da missão de Deus. Uma missão Integral.
O seu artigo 5, sobre a “Responsabilidade Social Cristã” o Pacto de Lausanne declara e propõe:
Afirmamos que Deus é tanto o Criador como o Juiz de todos os homens. Portanto, devemos partilhar da sua preocupação com a justiça e a reconciliação em toda a sociedade humana e com a libertação dos homens de todo tipo de opressão. Porque a humanidade foi feita à imagem de Deus, toda pessoa, não importa qual seja a sua raça, religião, cor, cultura, classe, sexo ou idade, tem uma dignidade intrínseca em razão da qual deve ser respeitada e servida, e não explorada. Também aqui manifestamos o nosso arrependimento, tanto pela nossa negligência quanto por às vezes termos considerado a evangelização e a preocupação social como mutuamente exclusivas. Embora a reconciliação com o ser humano não seja o mesmo que a reconciliação com Deus, nem a ação social seja evangelismo, nem a libertação política seja salvação, todavia afirmamos que tanto a evangelização como o envolvimento socio-político são parte do nosso dever cristão.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Não há muito mais o que dizer a não ser que uma, não mais urgente, mas emergente necessidade nos faça não mais pensar, refletir, não mais teorizar, mas agir agora, neste exato instante.
Não quero e não me permito ver enquadrado dentro de uma crítica de Robison Cavalcante quando denuncia: “A liderança cristã atual espera que os crentes cuidem de sua vida, organizem seus corais, cantem novos corinhos; enfim que fiquem tranqüilos...E o que vemos surgir no país são muitos profetas de apoio.” [25] E ainda outra denúncia que faz é contra aquilo que chama de “triangulo da felicidade” que incute na mente cristã que seu dever é de apenas viver de casa para igreja, da igreja para o trabalho, do trabalho para casa, uma espécie de triangulo que torna o cristão medíocre e alienado, sem tempo para os desafios e para sua responsabilidade social, como se isso fosse mesmo o verdadeiro ideal cristão.[26]
Quero encerrar esta aproximação do tema: Missão integral na História da igreja com 5 implicações que deixam claros os aspectos da missão integral e seu profundo apego ao todo do Evangelho do Senhor Jesus Cristo, pressupostos que tomo como conclusões pessoais defendidos pela missão integral, resultado da Conferência de Lausanne, e influenciados pela leitura da missão integral a luz das contribuições de Renné Padilla e Samuel Escobar.
Primeiro: no cumprimento da responsabilidade social da Igreja, não implica em abrir mão do discipulado ou evangelização, nem é preciso ser adepto de uma teologia liberal ou não evangélica. O que precisa ser feito é apenas uma decisão de levar a sério as exigências bíblicas, tendo como modelo o ministério de Jesus Cristo.[27]

Segundo: O envolvimento do crente com a evangelização se dá nas relações sociais humanas que existem e se relacionam diariamente com a pessoa do cristão e não somente influenciam a igreja como também as pessoas que recebem a mensagem do Evangelho. A vida cristã não pode ser empobrecida por uma vivência que nega a existência do mundo e seus desafios. A gente se relaciona com gente, com dúvidas, lutas, desarmonia das relações e não apenas com almas invulneráveis ao seu contexto opressor.

Terceiro: O Verbo se fez carne e habitou entre nós, este é o marco do envolvimento em carne e osso de Deus, por meio de Jesus, com a criação e estabelecimento de um modelo para igreja. Ele andou entre nós e compadeceu do todo do ser humano. Esse também é nosso modelo. Segundo Samuel Escobar: “A falta de encarnação está convertendo o Evangelho numa ideologia de classe média que nem apela nem comunica nada”[28] John Perkins complementa: “ A encarnação não é somente Deus que se fixou entre nós, assumindo a forma humana; quando um grupo de crentes se muda e se integra em uma comunidade, o Cristo encarnado ingressa nela. Cristo, em seu copor, em sua igreja, vem morar alí.” [29]

Quarto: Como Paulo destaca em 1Tessalonissenses 1.2, O amadurecimento espiritual da igreja evangélica é evidenciado, também, pela operosidade da fé. A fé evangélica impulsiona ao trabalho, ao serviço. Uma fé que é perceptível nas realizações referentes ao reino. A fé evangélica não combina com inatividade, ainda que muitos cristãos pensem que podem ser completos no reino na inatividade. Fé evangélica move à atividade, a vivacidade, à disposição, a prontidão. Escobar destaca que: “A orientação da vida total como vocação de serviço é um imperativo que resulta da fé e da nova vida em Cristo.A obediência a Cristo deve levar-nos a explorar as múltiplas oportunidades de serviço”[30]

Quinto: Ainda com meus olhos em 1Ts 1.3 é importante destacar que a igreja evangélica verdadeira se mantém perseverante no trabalho por conta de algo muito maior do que a libertação material, social, política etc que este serviço poderia trazer, mas pela expectativa de ver o senhor vindo nas alturas. Quanto a isso Escobar palavras destaca“Os evangélicos não esperam edificar o Reino de Deus sobre a terra nem ‘cristianizar’ a sociedade. Sua esperança é escatológica, mas seu serviço e seu testemunho são o sinal dessa esperança e do domínio de Cristo em suas vidas.”[31]

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NOTAS DE FIM
[1] Apenas a título de alerta. Pessoalmente tenho descoberto pela análise do livro “O Deus invisível” que seu autor: Phillip Yansey é um defensor desta corrente teológica. Observe uma de suas formulações na página 60, especialmente sua conclusão no último parágrafo da página em questão. Não se esqueça de olhar a nota nº3 da nota de rodapé daquela página do livro. Preocupa-me o fato de que ele é um dos maiores “vendedores” de livros entre os evangélicos brasileiros.
[2] Missão Integral Transformadora – Manfred Waldermar Kohl e Antônio Carlos Barro (organizadores) – Introdução, pp 7-10
[3] Missão cristã e transformação social – Samuel Escobar in Servindo com os pobres na América latina. Modelos de ministério Integral. Editora Descoberta, pp 62, 63
[4] A Hermenêutica da Teologia da Libertação: Uma Análise de Jesus Cristo Libertador, de Leonardo Boff
Augustus Nicodemus Lopes (www.thirdmill.org/files/portuguese/11155~9_19_01_10-32- 16_AM~a _hermeneutica_da_teologia.htm
[5] “Fazei o Bem a Todos”: Os Cristãos e a Responsabilidade Social - Alderi Souza de Matos, Revista Ultimado (www.ultimato.com.br/ ?pg=show_artigos&secMestre=814&sec=832&num_edicao=289)
[6] A isto chamo de ministério “comum” do cristão. Ou seja, todo crente, ainda que não saiba qual é o seu ministério pode ter como certo que possui este destacado por Paulo (veja o restante do capítulo de 2 Coríntios 5)
[7] Missão cristã e transformação social – Samuel Escobar in Servindo com os pobres na América latina. Modelos de ministério Integral. Editora Descoberta, p. 63
[8] Revista Super Interessante, fevereiro de 2004, p. 61.
[9] Justo González – Uma História do Cristianismo Ilustrada – A era dos gigantes – Volume 2, pp 57-59
[10] Ibidem
[11] Justo González – Uma História do Cristianismo Ilustrada – A era das trevas – Volume 3, pp 71-72
[12] Valdir Steuernagel – Obediência Missionária e Prática Histórica – pp 56, 57
[13] Augustus Nicodemos – A Visão Social de Calvino - (mackenzie.com.br/chancelaria/visaosocial.htm – em 28/03/2006)
[14] Ibidem
[15] www.thirdmill.org/files/portuguese/92317~9_19_01_10-06-21_AM~O_Ensino_de_Calvino_Sobre_a.html
[16] Super Interessante – Edição 197 – Fevereiro 2004 “Evangélicos – Quem são eles, por que crescem tanto, o que essa expansão significa para o futuro do Brasil e do Mundo.”
[17] “Calvino uma força cultural” in Calvino e sua influência no mundo ocidental. p 11 – Editora Cultura Cristã.
[18] Igreja: Agência de transformação histórica, p 37
[19] www.thirdmill.org/files/portuguese/92317~9_19_01_10-06-21_AM~O_Ensino_de_Calvino_Sobre_a.html
[20] Missão Integral Transformadora - p. 13
[21] Inserção minha
[22] Samuel Escobar - www.faculdadelatinoamericana.com.br/teologia_integral/aresponsabilidade.html
[23] O Cristianismo Ocidental no Século XX - Alan Rennê Alexandrino Lima e André Pereira de Sousa – Trabalho de alunos do Seminário Teológico do Nordeste – História da Igreja 3. Publicado no site: http://72.14.203.104/search?q=cache:uxn5aippkuqj:www.stne.com.br/teologia/trabalhos%2520acad%25eamicos/o%2520cristianismo%2520ocidental%2520no%2520s%25c9culo%2520xx%2520.doc+samuel+escobar+lausanne+1974&hl=pt-br&gl=br&ct=clnk&cd=12&lr=lang_pt
[24] Julio P. Tavares Zabatiero – Os desafios do Pacto de Lausane para Igreja Hoje – in Missão Integral Transformadora – Manfred Waldermar Kohl e Antônio Carlos Barro (organizadores), p. 14
[25] A Igreja Agência de Transformação Histórica – Editora Vinde – p28
[26] A Igreja Agência de Transformação Histórica – Editora Vinde – p27
[27] Samuel Escobar - www.faculdadelatinoamericana.com.br/teologia_integral/aresponsabilidade.html - A Responsabilidade Social da Igreja.
[28] Ibidem
[29] Justicia para todos. P. 89 in Servindo entre os Pobres da América Latina, p. 48
[30] Samuel Escobar - www.faculdadelatinoamericana.com.br/teologia_integral/aresponsabilidade.html - A Responsabilidade Social da Igreja.
[31] Ibidem